quarta-feira, 29 de junho de 2011

Passeando sobre a vida!

     Não escreverei nada hoje alem daquilo que sou, afinal um escritor só tem sua satisfação concluída quando sente que sua obra é uma extensão de sua própria alma, pois a alma do autor é maior do que ele, é ela quem determina sua ação, sua emoção e tudo aquilo que há no coração.
     Penso que minha alma seja um pouco confusa ou talvez meio sábia, difícil de se colocar no papel, quantas vezes já não desejei ser frio, indiferente e até um tanto quanto egoísta, mas aí me redescubro, vejo que na realidade sou bem diferente disso, meu caráter não permite que os conflitos me privem de minha consciência. Falar que sou justo, bom ou sincero? Pra quê isso? Afinal nossas qualidades são sentimentos, desejos, sonhos e sensações que somente a nossa alma através da nossa consciência é capaz de demonstrar, o que somos não nos cabe revelar, mas sim, aos outros reconhecerem.
     Mas e o que diz a consciência? Diz que um novo tempo se aproxima, me perguntando constantemente sobre o que procuro, calado sem resposta continuo caminhando pelo jardim, nesse momento olho para dentro de mim e vejo o conflito entre a razão e a emoção; a razão me diz que é preciso me deixar tomar pela beleza das outras flores do jardim, admirar as orquídeas, sentir a suavidade dos lírios do campo, o brilho dos girassóis, mas e quanto a rosa? Minha emoção me diz para ficar preso a ela admirando sua beleza, sentindo seu perfume e aprendendo a valorizá-la mesmo com todos os seus espinhos. É neste momento que minha alma entra em dúvida, sinto vontade de correr pelo jardim mas sinto também a necessidade de me sentar em frente a roseira, e ali ficar admirando-a em sua expressão cativante.
     Analiso e chego a conclusão que rosas são flores infelizes, possuem tanta beleza e tanto perfume que chamam a atenção de muitos, mas o grande perigo se esconde no fato que o mundo não possui somente pessoas boas, o que leva as rosas a revestirem sua delicadeza e doçura com um manto de espinhos frios e pontiagudos, tais espinhos uma vez colocados sobre uma flor não fazem distinção entre quaisquer que sejam as pessoas, afastam aquelas de coração carregado de mágoa e revolta, mas , também afastam aquelas de bom coração. São as pessoas de coração dócil que lutam contra os espinhos, que ferem suas mãos somente para leva aquilo que é necessário à flor para que ela se sinta bem cuidada e amada.
     Poucos sabem que aqueles que tentarem arrancar uma flor de seu lugar jamais irão possuí-la, já aqueles que a admirarem no jardim a possuirão para sempre, não em suas mãos, mas dentro de seu coração.
     Mas o que tudo isso tem a ver com a alma? O fato que minha alma não entende de jardinagem, ou pense que não saiba ou até mesmo tenta se enganar, o fato é, flores são belas de se ver mas difíceis de se cultivar. Talvez um dia quando eu finalmente conseguir responder o que busco finalmente consiga entender e aprender a valorizar verdadeiramente a beleza não só da rosa, mas, de todo jardim. Não o que se pode ver e sim aquilo que está oculto aos olhos.
     Já falei sobre alma, de flores, razão e emoção, falei de mim, o que penso, o que sou e o que sinto. Sempre gostei de dizer que a vida é uma obra de arte e que por isso precisamos ser artistas, que sabe esse não seja apenas mais um daqueles momentos em que devo ser um ator, interpretando aquilo que não sou para esconder a verdadeira imagem do protagonista, aquele que se encontra por debaixo da máscara e da maquiagem, aquele que está além das fantasias, o homem comum. Chega um momento em que a peça perde seu encanto, ficam as lembranças e o ator precisa deixar o personagem, voltar a realidade e viver quem ele é e não uma fantasia que ele nunca foi.
     Apesar das lamentações cada jardineiro, cada personagem, cada máscara, cada face fazem parte de mim e carregam um pouco do que sou, por mais que eu fuja e lute, não consigo convencer a quem realmente importa, eu mesmo! Sem me deixar cair por que a vida tenta me privar das pessoas incríveis que me complementam, fazendo que eu tenha que deixá-las para trilhar sozinho um caminho confuso impossível de se dar um nome. 




                                                                                                                                João Af. Maia

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